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Maus-tratos levam blitz a asilo em SP
Fonte: Jornal O Estado de São Paulo - 20.08.2003


Uma blitz do Ministério Público Estadual em asilos da Vila Mariana, realizada na noite de anteontem, deteve o empresário Cássio Salama, dono de cinco casas de repouso no bairro. Ele foi denunciado por maus-tratos, depois que os promotores encontraram idosos amarrados nas camas com lençóis e a falta de sondas médicas em uma interna com problemas de alimentação. Apesar das irregularidades, os promotores decidiram não interditar a casa, por considerar as irregularidades apenas pontuais.

"A infração seria necessária se não houvesse as mínimas condições para prestar o serviço", conta o promotor João Estevan da Silva, do Grupo de Atuação Especial de Proteção ao Idoso (Gaepi). "As infrações são graves, mas pontuais", disse. Segundo ele, a casa agora vai passar por uma maior fiscalização do Ministério Público.

Anteontem à noite, havia apenas uma enfermeira para atender os 31 idosos que moram no local. Três mulheres dormiam em duas camas juntas. Outra dormia no sofá da sala, amarrada pela cintura com um lençol. O mesmo acontecia com outros três internos: estavam amarrados na cama pela cintura, com lençóis.

"Outra senhora, que deveria fazer uso de sondas, dormia sem os aparelhos e parecia pesar menos de 40 quilos", conta o promotor Edson Alves Costa, do Gaepi. Todos eles, porém, dormiam com cobertores e não reclamaram do tratamento.

A Casa de Repouso Vila Mariana, que existe há 35 anos, também sofria ações do Centro de Vigilância Sanitária (CVS). Desde 2002, segundo o órgão, as cinco unidades do asilo sofreram várias inspeções e estão interditadas para novas internações.

Segundo o CVS, porém, há casos clínicos em que é necessária a "restrição ao leito", para evitar quedas dos pacientes. Para o CVS, somente médicos podem determinar se os idosos estavam amarrados ou apenas contidos na cama.

A blitz do Ministério Público não foi acompanhada por médicos, apenas por uma equipe de reportagem de televisão. O que causou estranheza aos técnicos do CVS, assim como o fato de o centro não ter sido chamado para acompanhar a blitz, como ocorre freqüentemente.

"Não acharam o que queriam e resolveram forçar a barra", defende-se o diretor do asilo, o empresário Cássio Salama. Entre as irregularidades consideradas graves pelo Gaepi, está um estrado de cama que estava solto. O proprietário Salama condenou ainda a ação do promotor João Estevan da Silva.

No lado de fora, uma senhora, irmã de uma interna, estranhou o resultado da blitz. "Sempre visito aqui e acho excelente", disse. A reportagem do JT pôde entrar na tarde de ontem na casa de repouso que sofreu a blitz. Na presença das enfermeiras da casa, os internos não reclamaram do tratamento. "Estou aqui há sete anos, e sempre fui bem tratada", conta Delmira Caetano, de 84 anos. A única que reclamou foi a aposentada Wilse Fonseca. "A comida aqui é boa e as moças são legais. Mas eu queria estar na minha casa."

Repórter Leandra narloch - São Paulo



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