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MAUS TRATOS
Denúncias dobram em 2003

Fonte: Jornal da Tarde - 26.09.2003


Um balanço do Disque-Denúncia mostra que o número de notificações este ano superou o registrado em 2002. Na Capital, existe apenas uma delegacia de idosos, que não dá conta de atender a todas as ocorrências que aparecem. O Decap nega a falta de estrutura, mas fala em ampliar o número de delegacias do idoso

Apesar de todos os esforços para garantir mais dignidade aos idosos, os casos de abuso continuam acontecendo. Segundo dados do Instituto São Paulo contra Violência, responsável pelo Disque-Denúncia, as queixas de maus-tratos aumentaram 89% em relação a 2002. No total, 624 comunicados desse delito foram registrados de janeiro até o último dia 23, contra 337 em todo o ano passado. E o pior é que a única Delegacia de Proteção ao Idoso existente na cidade não dá conta de atender a todas as solicitações.

A delegacia especializada fica no Centro e atende, em média, dez pessoas por dia. "Damos atenção imediata a todos os casos que aparecem, mas o Disque-Denúncia nos sobrecarregou", explicou o delegado Camillo Lellis de Salles Netto.

De acordo com Salles, todos os distritos policiais podem atender aos idosos.

Para ele, uma das formas de "aliviar" o acúmulo de denúncias encaminhadas pelo Disque-Denúncia diretamente para a Delegacia do Idoso seria repassá-las a outros distritos da capital. "Enquanto isso não acontecer, no entanto, vamos nos esforçar para não deixar ninguém sem atendimento", reforçou Salles.

Para o superintendente do Instituto São Paulo contra a Violência, Ronildo Machado, o aumento no número de denúncias pode estar ligado a um programa de divulgação, principalmente nos ônibus cidade, que começou em maio. "A população está conhecendo melhor nosso serviço, realizado em um convênio com a Secretaria de Segurança Pública."

Das 155 mil denúncias recebidas pelo Disque-Denúncia desde sua inauguração, em outubro de 2000, 1.379 são referentes a maus-tratos a idosos. Só este mês, foram 85 comunicados desse delito.

Para diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap), Antônio Chaves Martins Fontes, a chegada do Estatuto do Idoso fez com que ele encaminhasse, em julho, uma representação ao delegado-geral alertando para a necessidade de serem criadas outras delegacias de proteção ao idoso nas oito seccionais da cidade.

A representação baseia-se em um decreto de setembro de 1992, que determina a criação de delegacias de proteção ao idoso em todas as seccionais, mas com uma diferença. Segundo Fontes todos os titulares dessas delegacias serão classificados como classe especial, posto máximo da polícia civil.

"Ainda não temos uma data para isso, mas o decreto determinava que elas fossem criadas gradativamente, só que a polícia, nesse tempo, teve outras prioridades, como a Delegacia Anti-seqüestro."

Hoje, a Delegacia de Proteção ao Idoso conta com três viaturas antigas, oito investigadores, dois agentes, cinco escrivães e um delegado. Fontes nega.

"Não falta infra-estrutura. A delegacia tem 17 policiais, seis escrivães, viaturas e dois delegados, um deles é o doutor Cid Gualter Alves". A reportagem apurou que esse segundo delegado não trabalha mais no local e teria dado entrada no pedido de aposentadoria há alguns meses.



O incentivo que vem da telenovela

Os personagens Leopoldo e Flora, da novela Mulheres Apaixonadas, exibida pela Rede Globo, têm sido considerados um incentivo à discussão da questão do idoso nas famílias brasileiras.

O casal, vivido pelos atores Osvaldo Louzada e Carmen Silva, enfrenta problemas que vão desde a falta de dinheiro e a dificuldade de dividir o espaço da casa até os maus-tratos. Nesse quesito, a grande vilã é a neta Dóris, interpretada por Regiane Alves.

O cotidiano de humilhações e violência enfrentado pelos idosos criados pelo autor da novela, Manoel Carlos, virou fonte de inspiração inclusive para o aumento de denúncias de maus-tratos contra pessoas da terceira idade.

Prova do prestígio de Leopoldo e Flora foi o convite que os dois receberam para ir à Brasília, em maio. Eles foram chamados para participar solenidades ligadas à aprovação do Estatuto do Idoso, enquanto o projeto estava na Câmara dos Deputados.

Louzada e Carmen, de respectivamente 91 e 87 anos, fizeram discurso na ocasião e manifestaram sua emoção diante daquilo que eles consideram a promessa de um novo tempo no País.

"Espero que os idosos sejam respeitados. As pessoas têm de parar de pensar que os velhos 'já eram'", desabafou a Carmen Silva.

"Precisamos de jovens, mas os jovens também precisam do idoso", disse Louzada

Repórter Camilla Haddad - São Paulo



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