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Cuidados com o fundo do olho
Rubens Siqueira

Um dos grandes fantasmas que rondam a vida perto dos 60 anos é a catarata. Só que existe uma outra doença infelizmente muito comum nesta faixa etária, e ainda mais grave. É a degeneração macular, um desgaste natural de uma membrana do fundo do olho.

Enquanto a catarata pode ser corrigida com uma cirurgia simples, depois da qual a pessoa volta a enxergar – em alguns casos melhor que antes, a degeneração macular não tem cura.

Nove entre dez pacientes já estão com a visão irremediavelmente afetada quando procuram o médico. E o máximo que ele pode fazer é tentar evitar a cegueira total. Por isso a prevenção contra a degeneração macular deve começar cedo. Quem já passou dos 50 deve procurar um oftalmologista pelo menos uma vez por ano, para que a doença possa ser descoberta ainda no início.

A prevenção é feita através do exame de fundo do olho, onde o médico observa possíveis alterações na retina. Ela é uma camada de células nervosas, que funciona como se fosse o filme de uma máquina fotográfica: recebe as imagens captadas e as "revela" para o cérebro. No ponto mais central da retina fica a mácula, responsável pela visão detalhada, bem nítida e colorida.

Esta é a parte do olho que usamos para ler, por exemplo. À medida que envelhecemos a retina vai sofrendo um desgaste natural. Em algumas pessoas este desgaste chega até a mácula. E aí os começam os distúrbios de visão: linhas retas se transformam em curvas, durante a leitura o centro da página fica desfocado ou então o centro da paisagem vira um espaço vazio.

Um dos métodos usados para deter o avanço da degeneração é a fototerapia termodinâmica, que surgiu em 2001. Este método usa raio laser e um corante que indica qual o local mais afetado pela doença e evita que o laser desgaste ainda mais a retina. Até o ano passado a fototerapia era muito cara, porque existia apenas um tipo de corante, fabricado por laboratórios internacionais. Mas pesquisadores brasileiros descobriram um similar que tem o mesmo efeito do importado e custa três vezes menos.

A Retinopatia Diabética

Outra doença gravíssima do fundo do olho está ligada a uma disfunção hormonal muito comum, o diabetes. A retinopatia diabética também pode levar à cegueira, se não for descoberta e tratada a tempo.

O excesso de glicose no sangue pode provocar, entre outras complicações, alterações nas pequenas veias do fundo do olho, que secam ou deixam vazar líquido na região. Sem irrigação sangüínea adequada, a retina deixa de funcionar corretamente, e a visão fica comprometida.

Ou então, podem acontecer as hemorragias no fundo do olho. O sangue vaza para o vítreo, uma substância gelatinosa que preenche todo o globo ocular, e pode levar ao descolamento da retina. Em ambos os casos, é bom lembrar, são extremamente graves. E mesmo que a cirurgia tenha bom resultado a recuperação da visão vai depender do quanto a retina foi afetada.

Descolamentos

Existem várias outras causas podem levar ao descolamento da retina. Por exemplo, em situações quando a pessoa leva uma pancada ou um soco na cabeça. Ou então em situações mais sérias, como a existência de tumores ou inflamações graves. Pessoas que têm miopia, glaucoma ou que já operaram de catarata estão no grupo de maior risco de sofrer descolamento.

Depois dos 40 anos o risco de descolamento aumenta, mesmo que a pessoa não faça parte de um destes grupos de riscos. É que com o envelhecimento o vítreo pode encolher-se e soltar-se da retina. Em alguns pontos o vítreo pode provocar rasgões ao se soltar e passar por eles, descolando a retina do fundo do olho.

Moscas volantes

Elas se parecem com mosquitinhos que ficam se movimentando pelo nosso campo de visão. Daí o nome "moscas volantes". Provocadas por alterações no vítreo, elas são mais comuns em míopes, mas mesmo pessoas com visão normal podem vir a tê-las com o passar da idade. À medida que envelhecemos a "gelatina" do vítreo pode sofrer modificações na estrutura, diminuindo de tamanho ou ficando mais espessa. Os pequenos grãos e filamentos que então surgem no vítreo não interferem diretamente na visão, mas lançam sombras (as moscas volantes) na retina. É importante ficar atento a essas manchas: mesmo que já tenha várias delas, caso surja alguma nova.

Por todos estes motivos é aconselhável que a pessoa, principalmente acima dos 50 anos, procure um oftalmologista. Prevenção é o melhor negócio para a saúde.


Dr. Rubens Siqueira é especialista em retina e vítreo, com clínicas em Belo Horizonte, Minas Gerais, e em São José do Rio Preto, São Paulo. Com 2 livros publicados ("Mapeamento de Retina" e "Angiografia da Retina"), ele faz parte de grupos de pesquisas que têm conseguido avanços importantes no combate a doenças do fundo do olho. Uma destas pesquisas, que já conseguiu resultados animadores, é sobre um implante ocular que libera medicamentos na medida exata, sem que o paciente ou a família tenha que se preocupar em controlar horários e doses. O Dr. Rubens é também autor de uma técnica, reconhecida internacionalmente, que reduziu o tempo e o risco de complicações em cirurgias de correção de descolamento de retina. Mais informações pelo site www.centrodaretina.com.br.


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