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A Terceira Idade
ao Longo do Tempo

João Roberto D. Azevedo

Adicionado ao site em 24.06.2003


O envelhecimento é uma preocupação constante do homem em todos os tempos. Em nossa sociedade o homem rejeita o envelhecimento, não se conformando com a sua evidencia. A terceira idade desperta sentimentos negativos, como a piedade, o medo, e o constrangimento.

A imortalidade e a eterna juventude são sonhos míticos do homem. A eterna juventude está sempre relacionada com a felicidade plena. A procura da fonte da juventude é assunto nos mais antigos escritos. A mitologia está repleta de seres imortais e a Bíblia cita com freqüência seres de grande longevidade.

O livro da gênese fala que após o Dilúvio as pessoas passaram a viver mais. Vários poetas gregos escreveram sobre a longevidade. Hesíodo (poeta grego que viveu no oitavo século A.C.) descreveu uma raça dourada, constituída por um povo que vivia centenas de anos sem envelhecer, e que morriam dormindo quando chegasse o seu dia. Os gregos acreditavam existir um povo que vivia em terras longínquas ao norte e que vivia milhares de anos....

Aristóteles (filósofo grego) e Galeno (médico grego, 129-199 AD) acreditavam que cada pessoa nascia com certa quantidade de calor interno que iria se dissipando com o passar dos anos considerando então a terceira idade o período final desta dissipação de calor.

Aristóteles (384-322 AC, o mais influente filósofo do pensamento do mundo ocidental) sugeria o desenvolvimento de métodos que evitem a perda de calor, o que prolongaria a vida, dando um certo cunho científico ao problema.

A maioria dos povos sempre apelou para a fantasia quando procuravam a fonte da juventude. Alguns pensaram encontrar a juventude em longínquas ilhas, outros em rios caudalosos, alguns em extratos especiais de testículos de cães, e outros em ser a longevidade dependente de uma vida reta e disciplinada.

Na China o taoísmo preconiza o encontro do "verdadeiro caminho" que seria viver tanto até se tornar imortal. Para isto aprende-se a conservar as energias vitais, como por exemplo mantendo-se o controle da respiração, alimentando-se de frutas e raízes, evitando-se a carne e o álcool, e procurando mudança do comportamento sexual, preconizando-se trocar a ejaculação pela meditação.

No século 16 começaram a aparecer os primeiros trabalhos científicos que estudam a terceira idade. A partir de então passaram a surgir inúmeros tipos de poções e dietas especiais que prolongariam a vida. Cientistas famosos como Descartes, Bacon e Benjamim Franklin, acreditavam que a terceira idade seria "vencida" pelo desenvolvimento científico.

O primeiro trabalho científico sobre a terceira idade foi escrito por um médico francês no século 19 (Jean Marie Charcot, em 1867) com o nome de "Estudo Clínico sobre a Senilidade e Doenças Crônicas". Este autor não se preocupou com a imortalidade e sim procurou destacar a importância de se estudar o processo de envelhecimento, suas causas e suas conseqüências sobre o organismo.

Ilya Ilyich Metchnikov (1845-1916), cientista russo, prêmio Nobel de Medicina de 1908, acreditava que o processo de envelhecimento era resultado de venenos produzidos no intestino grosso pela deterioração dos alimentos. Preconizava a ingestão regular de leite ou iogurte e o hábito de se usar laxantes com freqüência, hábitos que deveriam esterilizar o intestino.

Inúmeras são as substâncias que se tornariam famosas por pretenderem ter o poder de diminuir o processo de envelhecimento. O "Gerovital" (à base de novocaína e ingredientes ditos "secretos") ficou conhecido mundialmente graças ao trabalho desenvolvido pela medica romena Ana Aslan.

Além do Gerovital outros métodos "científicos" foram desenvolvidos durante o século XX, como o transplante de testículo de macaco ou de carneiro para o homem, ou a injeção de células de embrião de carneiro.

Técnicas de resfriamento do corpo também foram desenvolvidas com o objetivo de se estancar o processo de envelhecimento, ou ainda manter o corpo congelado até o dia da descoberta da "cura" para a terceira idade.

Surgiu ainda o método da quelação, que através de determinadas reações químicas provocadas por medicação (denominada EDTA), que ao ser introduzida no organismo, retiraria substâncias que acelerariam o processo de envelhecimento, como os radicais livres.

O recente aparecimento da denominada "Medicina Ortomolecular" nada mais é que um método terapêutico que vê na eliminação de radicais livres um meio de desacelerar o processo de envelhecimento, e para tal usa doses elevadas de substâncias químicas, principalmente vitaminas.

O uso de doses elevadas de vitaminas, principalmente A, C e E associada à utilização de hormônios ( do crescimento e da glândula suprarrenal ) poderiam também levar ao rejuvenescimento.

Infelizmente nenhum destes métodos terapêutico pôde ser cientificamente comprovado quanto à sua eficiência..

Recentemente surgiram trabalhos científicos que sugerem que processos que diminuem a velocidade do metabolismo do organismo poderiam desacelerar o processo de envelhecimento. Os estudos específicos sobre o envelhecimento das células e sobre os seus aspectos genéticos atualmente ocupam grande parte das pesquisas sobre o envelhecimento.

O desejo de controlar o envelhecimento é um anseio legítimo e sem dúvida faz parte da busca pela felicidade. A decadência de nosso corpo pode nos trazer a infelicidade, sendo que a consciência de sua finitude pode gerar a depressão. A rejeição à terceira idade é um mecanismo de defesa natural do homem.

A aceitação da terceira idade como uma realidade e a compreensão de que se pode ser plenamente feliz em qualquer idade é o caminho correto para se evitar a infelicidade.




 João Roberto D. Azevedo, médico, no eHealth Latin America.




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