Os mais velhos devem contar com o auxílio da medicina para superar os obstáculos que podem surgir com o passar dos anos
O avanço da medicina permitiu que tanto homens como mulheres pudessem gozar mais dos prazeres da vida e por muito mais tempo.
Sexo pode proporcionar muito mais que prazer e uma maneira de relaxar a tensão. Também significa auto-estima: sentir-se desejado é importante para pessoas de qualquer idade.
Grandes estudos populacionais mostram uma redução da atividade sexual com a idade. Para o homem, essa diminuição está relacionada ao envelhecimento, às condições de saúde e medicações que, juntas, prejudicam a ereção. Para as mulheres, a redução da potência do parceiro é o fator principal.
Porém, algumas pessoas continuam bastante ativas mesmo com a idade avançada. Um estudo publicado em 1999 no Journal of Gerontology mostra que 17% dos homens após os 80 anos têm relações e 35% se masturbam. Outro estudo, feito com idosos sadios, mostrou que 63% dos homens e 30% das mulheres, entre 80 e 102 anos, mantinham-se sexualmente ativos.
Mudanças na maneira de fazer sexo são importantes para que a vida sexual na terceira idade seja mais proveitosa.
A começar pelo rompimento do bloqueio cultural de não se falar de sexo para mulheres de cabelos brancos e de não levar essa discussão para a cama. Conversar sobre o assunto gera interesse e esquenta o clima ou gera um clima e esquenta o interesse.
Sabe-se que o tempo necessário para a excitação nos idosos é mais prolongado. Paciência é importante, e a experiência adquirida facilita. O chamado "período refratário", após o orgasmo, também é maior.
Na menopausa, a parede vaginal é mais fina e menos lubrificada, por isso pode sangrar ou doer. O uso de um lubrificante ou pomada com hormônio é indicado. Mas a menopausa em si atrapalha menos que as condições de saúde ou o cigarro, segundo artigo publicado na revista Menopause de maio de 2000.
A andropausa - menopausa masculina - existe e decorre da redução do hormônio masculino, a testosterona. Nela, o homem diminui o interesse sexual, mas mantém a ereção, apesar de menos firme, e a capacidade de chegar ao orgasmo. O uso de hormônio masculino em idosos saudáveis ainda é controverso. Também em relação ao homem, mais que a idade, a condição de saúde é o fator principal para a potência sexual.
A artrite, por exemplo, pode causar dor durante o ato sexual. Mulheres mastectomizadas (que sofreram retirada da mama) podem se sentir menos atraentes e evitar o sexo. Diuréticos e anti-hipertensivos às vezes reduzem o interesse sexual tanto em mulheres como em homens, porém isso é mais raro do que se imagina.
Todo indivíduo que perceber mudança na sua performance sexual, ao iniciar o uso de um novo medicamento, deve perguntar ao médico se há outra opção de tratamento.
Medicamentos que facilitam a ereção são bastante tolerados e eficazes em qualquer idade para ambos os sexos. São totalmente contra-indicados apenas com o uso concomitante de nitratos - vasodilatadores das coronárias. Com o surgimento desses remédios e a reposição hormonal para as mulheres, desencadeou-se uma revolução de sexualidade na terceira idade.
A maior barreira para uma vida sexual ativa é a falta de um parceiro. Após os 85 anos, há 2,5 mulheres para cada homem. Demonstrações de desejo sexual, geralmente, não são bem-aceitas pela sociedade, o que dificulta o encontro de parceiros. Dificuldades de audição, perda de privacidade, corpos menos atraentes… as barreiras não são fáceis de ultrapassar. Visitas à manicure, cabeleireiro, cosméticos, privacidade, oportunidade para encontros com pessoas da mesma faixa etária e até acesso a material de sexo explícito podem ser recursos úteis.
Falar sobre o assunto é a chave para uma vida sexual mais sadia. Os parentes e as pessoas que convivem com idosos devem ter disponibilidade para discutir a questão e ajudar. O clínico geral pode resolver boa parte dos problemas e ajudar o idoso a conquistar uma vida mais feliz.
Fonte: Revista Carta Capital - Autor: Rogério Tuma
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